1.
Aumentou a
probabilidade da apresentação do nome de Manuel Vicente como segunda
figura da lista do MPLA às eleições gerais de Set.2012 – o que, em caso
de vitória eleitoral do partido, tida como "praticamente certa",
conduzirá à sua ascensão ao cargo de Vice Presidente.
O
"reavivamento" da hipótese de M Vicente figurar como segundo nome da
lista começou a verificar-se no seguimento da consolidação por que nas últimas
semanas passou o cenário da candidatura presidencial de José Eduardo dos
Santos (JES) – de momento já considerada definitiva.
Ainda
para Jan está prevista uma reunião do BP/MPLA destinada a aprovar os
nomes dos candidatos a PR e a Vice Presidente a apresentar na lista do partido
às referidas eleições. A marcação da data da reunião depende da conclusão de
discretas iniciativas, ainda em curso, destinadas a "fechar" a
questão M Vicente.
Entre
as aludidas iniciativas avultam encontros programados ou circunstanciais de JES
e de personalidades do seu círculo, mas também de membros da família
presidencial, com membros do BP/MPLA – em especial os mais proeminentes,
capazes de influenciar os restantes, assim como os ainda renitentes.
2.
A manifestação
de tendências internas mais favoráveis à ideia de M Vicente vir a ser Vice
Presidente, diversa de um clima menos complacente notado anteriormente (AM
593), é atribuída a factores como os seguintes:
-
O anúncio público, Nov.2011, da disponibilidade de JES para se
candidatar; efeitos concludentes da iniciativa na definição do quadro eleitoral
– até então dado como incerto.
-
A noção, intuída ou baseada em factos, de que M Vicente é o preferido de JES
como Vice Presidente – um factor considerado suficiente para
influenciar/condicionar indivíduos ou grupos avessos ao nome.
-
O comprometimento da hipótese de Fernando da Piedade Dias dos Santos,
por razões de saúde e de reputação; transferências de apoios respectivos para M
Vicente.
O
anúncio da disponibilidade de JES para se candidatar fez entrar em refluxo
movimentações internas, algumas das quais de rebeldia latente, influenciadas
por sentimentos de incerteza em relação à sua decisão. O fenómeno ocorreu
paralelamente a um clima de acentuada contestação política da sua pessoa.
A
menor aceitação do nome de M Vicente, então registada, foi, em parte,
considerada reflexo do referido clima político; sobretudo de percepções segundo
as quais JES, supostamente disposto a retirar-se, pretendia fazer-se substituir
por M Vicente, considerado desprovido de estatuto e experiência política.
3.
A primazia que
JES de facto dá a M Vicente como seu futuro substituto, incluindo a fase de
"tirocínio" da vice presidência, assenta nos seguintes argumentos:
-
De natureza política: está à altura de assegurar uma transição tranquila,
mantendo o ambiente de estabilidade e reconciliação; conhece os meandros do
funcionamento do regime; tem prestígio externo acumulado à frente da Sonangol.
-
De natureza pessoal: goza da sua amizade e confiança plena; também da parte de
figuras da família e do círculo presidencial.
A
"ideia" de JES em relação a M Vicente como Vice Presidente contempla
a possibilidade de delegar nele poderes executivos mais vastos do que os
conferidos ao actual titular do cargo, ao qual apenas estão reservados os
assuntos sociais. Sob a alçada de M Vicente ficaria a cooperação internacional
e a indústria petrolífera.
4.
A recente
recondução de M Vicente como PCA da Sonangol, inicialmente vista como
comprometedora da sua entrada na vida política aparenta, antes, ter sido um
artifício destinado a facilitar a aceitação do seu nome – por via do exercício
de influências próprias da liderança da companhia, que assim continuam nas suas
mãos.