terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Ressurge hipótese de M Vicente como Vice Presidente

1. Aumentou a probabilidade da apresentação do nome de Manuel Vicente como segunda figura da lista do MPLA às eleições gerais de Set.2012 – o que, em caso de vitória eleitoral do partido, tida como "praticamente certa", conduzirá à sua ascensão ao cargo de Vice Presidente.

O "reavivamento" da hipótese de M Vicente figurar como segundo nome da lista começou a verificar-se no seguimento da consolidação por que nas últimas semanas passou o cenário da candidatura presidencial de José Eduardo dos Santos (JES) – de momento já considerada definitiva.
Ainda para Jan está prevista uma reunião do BP/MPLA destinada a aprovar os nomes dos candidatos a PR e a Vice Presidente a apresentar na lista do partido às referidas eleições. A marcação da data da reunião depende da conclusão de discretas iniciativas, ainda em curso, destinadas a "fechar" a questão M Vicente.
Entre as aludidas iniciativas avultam encontros programados ou circunstanciais de JES e de personalidades do seu círculo, mas também de membros da família presidencial, com membros do BP/MPLA – em especial os mais proeminentes, capazes de influenciar os restantes, assim como os ainda renitentes.

2. A manifestação de tendências internas mais favoráveis à ideia de M Vicente vir a ser Vice Presidente, diversa de um clima menos complacente notado anteriormente (AM 593), é atribuída a factores como os seguintes:

- O anúncio público, Nov.2011, da disponibilidade de JES para se candidatar; efeitos concludentes da iniciativa na definição do quadro eleitoral – até então dado como incerto.
- A noção, intuída ou baseada em factos, de que M Vicente é o preferido de JES como Vice Presidente – um factor considerado suficiente para influenciar/condicionar indivíduos ou grupos avessos ao nome.
- O comprometimento da hipótese de Fernando da Piedade Dias dos Santos, por razões de saúde e de reputação; transferências de apoios respectivos para M Vicente.

O anúncio da disponibilidade de JES para se candidatar fez entrar em refluxo movimentações internas, algumas das quais de rebeldia latente, influenciadas por sentimentos de incerteza em relação à sua decisão. O fenómeno ocorreu paralelamente a um clima de acentuada contestação política da sua pessoa.
A menor aceitação do nome de M Vicente, então registada, foi, em parte, considerada reflexo do referido clima político; sobretudo de percepções segundo as quais JES, supostamente disposto a retirar-se, pretendia fazer-se substituir por M Vicente, considerado desprovido de estatuto e experiência política.

3. A primazia que JES de facto dá a M Vicente como seu futuro substituto, incluindo a fase de "tirocínio" da vice presidência, assenta nos seguintes argumentos:
- De natureza política: está à altura de assegurar uma transição tranquila, mantendo o ambiente de estabilidade e reconciliação; conhece os meandros do funcionamento do regime; tem prestígio externo acumulado à frente da Sonangol.
- De natureza pessoal: goza da sua amizade e confiança plena; também da parte de figuras da família e do círculo presidencial.

A "ideia" de JES em relação a M Vicente como Vice Presidente contempla a possibilidade de delegar nele poderes executivos mais vastos do que os conferidos ao actual titular do cargo, ao qual apenas estão reservados os assuntos sociais. Sob a alçada de M Vicente ficaria a cooperação internacional e a indústria petrolífera.

4. A recente recondução de M Vicente como PCA da Sonangol, inicialmente vista como comprometedora da sua entrada na vida política aparenta, antes, ter sido um artifício destinado a facilitar a aceitação do seu nome – por via do exercício de influências próprias da liderança da companhia, que assim continuam nas suas mãos.
 Fonte: AM