quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Elias Isaac, Angola

Angola rejeita alegações de violações de direitos humanos na RDCongo

O secretário de Estado das Relações Exteriores de Angola rejeitou hoje “veementemente” as alegações de violações humanitárias por soldados angolanos na República Democrática do Congo.

Falando na Assembleia Geral das Nações Unidas, o secretário de Estado, George Chicoty, referia-se às alegações contidas num projecto de relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, qualificando de “anormal” a forma como o documento surgiu e questionando as “motivações” por trás do mesmo.

"Foi com grande surpresa que soubemos da menção do envolvimento das Forças Armadas Angolanas em alegados actos de violação de direitos humanos na República Democrática do Congo, num relatório destinado à circulação como documento da alta comissária” dos Direitos Humanos, Navanethem Pillay.

Source: NL

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Acordão sobre o processo do SME

 
REPÚBLICA DE ANGOLA
TRIBUNAL CONSTITUCIONAL
ACORDAO N.0122/20l0


Processos N°158 e N° 159 12010
(Recurso Extraordimirio de Inconstitucionalidade)

Acordam em Conferência no Plemirio do Tribunal Constitucional:
Maria Joaquina Domingos Campos da Silva, casada, de 50 anos de idade, ex-directora do SME, natural de Benguela e residente em Luanda, bairro da Maianga, Rua 28 de Maio; Rosario Mariano Supi, ex-chefe da Unidade aerea do SME em Luanda, natural e residente em Luanda, bairro da Maianga, n.º 83, Apartamento n.o 1°F e Jose Domingos, ex-chefe da Unidade Maritima do SME em Luanda, natural e residente em Luanda, rua da Samba mar n. ° 1, interpuseram e fizeram seguir o presente Recurso Extraordinario de Inconstitucionalidade nos termos da alinea a) do artigo 49° da Lei n.o 3/38, de 17 de Junho, Lei Organica do Processo Constitucional, do Acordão proferido no processo n° 1765/07, pelo meritissimo juiz da 5ª Secção da Sala dos Crimes Comuns do Tribunal Provincial de Luanda, 0 que fizeram apresentando em sintese, os seguintes fundamentos:

http://www.tribunalconstitucional.ao/SIGAPortalAdmin/FileUpload/57ab8bcf-e9b6-42a4-aa21-695cd8223982_24_9_2010.pdf

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

President denies elleged paternity claims

Luanda – The Angolan president, José Eduardo dos Santos, Monday in Luanda, denied information circulating since the weekend about the existence of an alleged 46-year old daughter of his.

"A supposed daughter of José Eduardo dos Santos appeared in Luanda for contacts with personalities close to the presidential family, in order to speak with the alleged father and have due recognition,” it was said.

The woman is called Ngutuila Josefa Matias and claims to be daughter to the Angolan head of State.

In reaction, the head of State told journalists it is pertinent for this matter to be raised as, he added, “it is opportune that a clarification is made about all that has been said about this issue,” he said.

“I have not read the story but relatives of and friends of mine read the article or the interview and told me about its content, obviously all this that has been said  left me chocked,” he said.

In the interview, José Eduardo dos Santos mentioned the woman as a citizen called Josefa who is looking for her biological father.

“From the content of this interview, this citizen must be patient and continue looking for her father,” he stressed.

From the elements she has put forward, José Eduardo dos Santos stated, "the person she is looking for is another one. It is not the José Eduardo dos Santos that I am".

If that person hears me and sees me on television she will come to the conclusion that “I am not the person she is referring to, I am not Edú, I am José as I am called at home by my relatives.”

During childhood, in the guerrilla and other circles, he said, “Everyone called me José Eduardo, never Edú”, he argued.
  
“Edú is someone else she must continue to look for,” he stated, adding that he arrived in Congo Leopoldeville in December 1961, at the age of 19 years and had no friendship with any Congolese family.

For about three years he lived in Congo, before leaving for the Soviet Union to complete his studies, José Eduardo dos Santos said, he did not have any girlfriend as the only thing he then thought of were his studies

Presidente da República desmente alegada paternidade


Presidente da República, José Eduardo dos Santos
Luanda - O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, desmentiu hoje, segunda-feira, em Luanda, informações postas a circular neste fim-de-semana relativamente à existência de uma suposta filha sua de 46 anos.

"Uma suposta filha de José Eduardo dos Santos apareceu em Luanda para manter contactos com personalidades próximas à família presidencial, a fim de poder vir a falar com o alegado pai e ter o devido reconhecimento paternal”, veiculou-se.

A jovem apresenta-se com o nome de Ngutuila Josefa Matias e reclama ser filha do Chefe de Estado angolano.

Em declarações à imprensa, o Presidente da República referiu ser pertinente esta abordagem, "pois é oportuno que se faça um esclarecimento  sobre tudo de quanto tem sido dito à volta desta questão”.

“Eu não li o material, mas familiares meus e pessoas amigas que leram o artigo ou a entrevista falaram-me do seu conteúdo, claro que fiquei espantado por tudo quanto foi dito”, disse.

José Eduardo dos Santos, na entrevista, refere que se trata de uma cidadã que se chama Josefa e que procura pelo seu pai biológico.

“Pelo conteúdo desta entrevista, esta cidadã tem que ter paciência e continuar a procurar o seu pai”.

Pelos dados que ela apresenta, asseverou José Eduardo dos Santos, "a pessoa que ela procura é outra". "Não é o José Eduardo dos Santos que sou eu".

Se esta pessoa me ouvir e vir as imagens pela televisão chegará à conclusão que “não sou a pessoa que faz referência, não sou Edú, eu sou José da forma como sou tratado em minha casa e pelos meus familiares”.

Durante a infância, na guerrilha, entre outros meandros, referenciou, “todos me trataram por José Eduardo e nunca por Edú”, fez questão de recordar.  
   
“Edú é uma pessoa qualquer que ela deve continuar a procurar”, disse igualmente, para depois elucidar que chegou ao Congo, Leopoldeville, em Dezembro de 1961, com 19 anos e que “não teve amizades com qualquer família congolesa”.

Durante o período, pouco mais de três anos, em que viveu no Congo antes de deslocar-se à União Soviética para conclusão dos seus estudos, José Eduardo afirmou que “não tive qualquer namorada ou amante, pois era altura em que somente pensava em efectuar os estudos".

"Ela deve ter paciência, pelos congos passaram muitos angolanos refugiados e alguns que se instalaram lá por contingência da luta de libertação, pode ser que alguém se tenha chamado Eduardo e Edú e que seja seu pai biológico", esclareceu.        
Source: ANGOP

Mais um caos demolidor na cidade do Lubango

 É  mês do Herói Nacional, o mês de Setembro.

É  dia do Herói Nacional, o dia 17.

Em vez de ser um dia de alegria é, pelo contrário, um dia de angústia. O feriado prolongado foi “bem aproveitado” pelo governo local para desalojar os moradores adjacentes do rio mukufi, concretamente no largo da Rádio 2000. Um dia em que por um lado comemorava-se a festa do Herói Nacional e por outro os camiões da Administração Municipal do Lubango, transportava os desalojados à área da Tchimúcua.

É mais uma acção virada a legitimidade da pobreza, da miséria, da penúria…

É o dia dedicado a despedida da casa, porque o governo apertou a forca. Uma forca contra os pobres e não contra a pobreza. Lágrimas, angustia, desespero, frustrações, temor,… Estes são os sintomas que cruzam os caminhos dos ex-moradores das margens do rio MUKUF, no Lubango.



Os filhos de Deus, de momento, estão sem direcção.

As lágrimas secaram. Os corpos definham. O imaginário foi dissolvido pelo Satanás.
O momento exige jejum e oração de todos quantos se identificam como filhos de Deus porque o “anjo mau” está solto. Está tão solto, que apostou-se na pobreza, nas endemias, nos acidentes cardiovasculares no alojar as pessoas ao relento. Enfim!...

Enquanto Agostinho Neto dizia: “O mais importante é resolver os problemas do povo”. Hoje os menos entendidos dizem “o mais importante é demolir as casas do povo”:

Outros desumanos acrescentam ainda: “o mais importante é criar problemas ao povo, até ao seu colapso”. Que paradoxo!.. Quê desilusão!... Quê desumanismo!... Quê selvajaria!.... Quê insensibilidade!...
Chega!…. Pensemos na dignidade do  povo angolano. Um povo que merece tranquilidade depois de longos anos de guerra…

Não nos esqueçamos. Deus é o Justo Juiz e, no momento certo, fará a sua justiça contra todos os anjos maus que, pelos seus pecados, nem o inferno merecem.
Ámen.
                                                               Domingos Francisco Fingo

Nomeação de António Indjai destinada a evitar novas convulsões


Gen. Antonio Indjai

1 . A nomeação formal de António Indjai para o cargo de CEMGFA, foi influenciada por análises da situação político-militar de acordo com as quais uma preterição da medida ou o seu protelamento indefinido tenderiam a dar lugar a "reacções" dos militares (projecção demonstrativa do poder fáctico exercido pelos mesmos).

Nos dias que precederam de perto a nomeação (por inerência, A Indjai foi promovido a TenGen), mas sem que a mesma estivesse já assegurada, foram notadas nos grandes oficiais manifestações de agitação remetidas para sugestões/convicções que vinham alastrando entre os próprios tais como as seguintes:
  • O PR, Malam Bacai Sanhá, não tinha intenção e/ou vontade de proceder à nomeação; agia por efeito de pressões externas.
  • A visita a Bissau de uma missão de chefes militares da CEDEAO, anunciada para 28.Jun, tinha por objectivo "encorajar" a atitude do PR e "embaraçar" os militares na pretensão da nomeação de A Indjai CEMGFA.


As reacções contrárias à nomeação de A Indjai, oriundas da União Europeia, EUA e também CEDEAO, têm por base considerações tais como o de uma tal medida significa pactuar com os autores materiais de uma alteração drástica da ordem político-constitucional; por acréscimo, estimular práticas futuras da mesma natureza.

2 . A cedência do PR à pressão dos militares tendo em vista a nomeação de A Indjai (em dado momento esteve previsto que apenas se mantivesse em funções interinamente), é justificada por "razões de pragmatismo", a que o PM, Carlos Gomes Jr deu assentimento, tais como as seguintes:
  • Os militares representam um centro de poder de facto que nas presentes circunstâncias não pode ser ignorado; é mais conveniente comprometê-los com a normalização da situação do que levá-los a atitudes de desespero.
  • Um clima de tranquilidade entre os militares facilitará a reforma do sector da defesa e segurança, no âmbito da qual as FA, em geral, e uma nova estrutura de comando, em particular, serão implantadas.


Esta visão das coisas é objecto de dúvidas alimentadas pela ideia de que os actuais chefes militares, por influência de traços de personalidade, cultura e preparação, não revelam propensão para se sujeitarem ao poder civil; as suas ligações a actividades obscuras (narcotráfico) também os levam a vislumbrar com temor a perda do seu poder.

3 . Como forma de compensar efeitos nefastos da nomeação de A Indjai, em especial no plano das reacções externas, incluindo sanções, o PR terá vinculado o mesmo a compromissos tais como os seguintes:
  • Resolução "a contento" da situação do ex-CEMGFA, Alm Zamora Induta (a sua libertação e paragem de um inquérito considerado pouco credível).
  • Aplicação clara no processo de reforma do sector da defesa e segurança – para restabelecer confiança e interesse da União Europeia em apoiar financeiramente o mesmo.
Contra Almirante Bubo Na Tchuto

  • Participação activa no combate ao narcotráfico, incluindo o afastamento de militares implicados no mesmo, como o CEM da Forca Aérea, Cor Papa Camará.
4 . A cerimónia oficial da tomada de posse de A Indjai ficou assinalada por um imprevisto, traduzido numa entrada na sala do C/Alm Bubo Na Tchuto, em uniforme camuflado e ostentando todas as suas insígnias. O episódio é invocado para justificar o cepticismo em relação a uma regeneração dos militares por meios convencionais.

Bubo Na Tchuto reclama o seu regresso ao cargo de CEM da Marinha, por efeito da sua reintegração nas FA. O Departamento do Tesouro dos EUA identificou-o em Abril como uma dos militares de alta patente envolvidos no narcotráfico.

Atitude de Jacob Zuma face a JES objecto de críticas internas


Jacob Zuma

1 . O PR da África do Sul, Jacob Zuma vem sendo alvo de recriminações internas, no ANC, Governo e sociedade em geral, devido à atitude alegadamente "subserviente" que cultiva em relação ao seu homólogo de Angola, José Eduardo dos Santos (JES). Considerações em que as críticas radicam:

    • É uma atitude em desarmonia com a superior importância estratégica da África do Sul; afecta o prestígio país e suas aspirações legítimas de continuar a ser a principal potência regional.
    • É ditada por sentimentos/complexos de inferioridade, bem como por interesses materiais de natureza privada.

    As críticas a J Zuma incluem conjecturas segundo as quais o mesmo está assim a "dar vazão" a uma antiga ambição de JES de se afirmar com "líder regional", um estatuto que naturalmente cabe ao PR da África do Sul em razão de factores-chave: grandeza da sua economia, população, poder militar e posição geográfica.

    São atribuídos a dirigentes angolanos desabafos como o de que a superior importância estratégica da África do Sul é "temporária". O outlook respectivo é o de que Angola se encontra numa curva ascendente de desenvolvimento e afirmação regional/internacional, enquanto a África do Sul segue rumo inverso.

    2 . As primeiras manifestações internas de desagrado face à "complacência" que J Zuma denota em relação a JES estalaram quando o mesmo se prontificou comparecer, em 2008, ainda apenas como líder do ANC, numa cerimónia comemorativa do 20º aniversário da chamada Batalha do Cuito-Cuanavale.
    O carácter considerado "fantasioso" que o regime angolano faz dos acontecimentos de então é associado à intenção de exaltar méritos de JES como estadista e projectá-los à escala regional. As autoridades da Namíbia, incluindo Sam Nujoma, em 2008, têm-se escusado a participar mas referidas cerimónias – agora anuais.

    
    Duduzile Zuma Aka Dudu
    
    3 .  O embaixador de Angola em Pretória, Miguel Neto foi inesperadamente chamado a Luanda, o que aconteceu em 22.Mai, com o fim deduzido de participar nas conversações, pelo menos parcialmente; o jornal O País, com estreitas ligações a círculos da PR, noticiara antes da referida data, sem pormenores, uma próxima visita de J Zuma.

    É corrente em meios sul-africanos conhecedores do assunto que J Zuma tem interesses pessoais no sector dos diamantes em Angola, uma vantagem que também contempla uma filha, Duduzile Zuma aka Dudu, a qual viaja amiúde para o país; a evidência é considerada uma causa da atitude de J Zuma face a JES.
    Alguns dias depois da visita de J Zuma foi anunciado o lançamento de um projecto diamantífero, Luana, Lucapa, no qual a Trans-Hex, empresa ligada ao ANC, tem uma participação de 37%; a Endiama é maioritária, com 39%, estando a parte remanescente repartida por empresas angolanas desconhecidas – Za-Kufuma, Wengi e Kaxingi.
    A partir de 1992 o regime angolano abriu sectores da sua economia a interesses sul-africanos, o que correspondeu ao cálculo de captar simpatias e apoios na África do Sul em sectores que não lhe eram favoráveis ou eram conotados com a UNITA; o largo espectro de tais sectores abrangeu indivíduos/grupos do ANC, mas também do regime então ainda vigente.
    Informações consideradas suficientemente verificadas indicam que J Zuma esteve discretamente em Luanda, 21/22.Mai, para conversações com JES; a agenda terá abarcado assuntos de Estado mas também privados. Um dos assuntos de Estado é uma proposta sul-africana (diminuta receptividade angolana) visando a abolição recíproca de vistos ordinários.

    A postura dita "subalterna" de J Zuma em relação a JES, também é objecto de críticas por ter rompido com uma linha observada pelos seus antecessores, Nelson Mandela e Thabo Mbeki, a qual consistia em não pactuar com pretensões de JES, incluindo a de se afirmar como líder regional; ambos nutriam pouco apreço por JES.

    Reavivamento de rumores sobre futuro político de Manuel Vicente

    Manuel Vicente
    PCA da SONANGOL
    1 . Manuel Vicente é objecto de nova vaga de rumores internos baseados em ilações/conjecturas que o voltam a apresentar como "candidato à sucessão" (SIC) de José Eduardo dos Santos (JES). Desta feita, os rumores circulam em escalões elevados do regime e são alimentados por factos considerados "sintomáticos" de ascensão política por parte de M Vicente.

    Factos invocados:
    • Procedeu em Abr a vastas mudanças no CA e na estrutura directiva da Sonangol; algumas das mudanças, às quais as menos importantes se ajustaram, visaram libertar M Vicente de obrigações consideradas absorventes em termos de representação e tempo; a mudança mais elucidativa do desígnio das mesmas foi a de Batista Sumbe, designado presidente da Comissão Executiva da holding da Sonangol, cargo até então exercido por M Vicente; B Sumbe, até agora colocado nos EUA, é comumente considerado um dos mais capacitados quadros da companhia; goza da amizade e confiança de M Vicente.
    • Antes, no congresso do MPLA, M Vicente ascendeu ao BP, em cujo secretariado lhe foi atribuído o pelouro da reestruturação do sector empresarial do partido (função anteriormente confiada a João Lourenço e, depois, a Mário António); não tinha, até então, actividade partidária de realce.
    Acentuou-se também a "impressão" de que M Vicente denota agora mais apetência pela política – particularidade vista como sinal de correlativa ambição política. É igualmente notado que se afastou da sua costumeira discrição social e se aplica agora mais no relacionamento com figuras do regime, incluindo algumas que sabe serem-lhe adversas.
    A cíclica identificação de M Vicente como putativo "candidato à sucessão" de JES, é em larga escala propiciada por factores entre os quais avulta a estreita relação pessoal que o liga ao actual PR; segue-se o poder e influências que de facto acumulou como PCA da Sonangol.

    A conclusão segundo a qual está em curso um processo de "abrandamento" da sua ligação institucional à Sonangol é lida noutros meios do regime como prenúncio de que o poderá vir a ser nomeado para um outro cargo, supostamente governamental, cenário já desenhado no passado recente.
     
    2 . Os rumores de acordo com os quais M Vicente se perfila como "candidato à sucessão", são geralmente acompanhados por reacções/comentários de sentido ambivalente. P ex, o cenário é considerado na prática improvável, mas induzido por decorrência de cálculos políticos próprios do estilo de exercício do poder de JES.
    A condição de "candidato à sucessão", conferida a M Vicente por factos susceptíveis de tal conclusão, entra em tais cálculos como um engodo destinado a confundir os que já se consideram investidos da mesma condição e a facilitar um processo de escolha eventualmente destinado a contemplar outra figura.
    As personalidades geralmente apresentadas como estando na linha da substituição de JES são o actual Vice-Presidente, Fernando da Piedade Dias dos Santos, o presidente da Assembleia Nacional, Paulo Kassona, mas também um dos seus filhos, José Filomeno "Zenu".

    3 . No passado, sempre que o nome de M Vicente foi sugerido como potencial "candidato à sucessão", fontes que lhe são próximas contestaram tal hipótese com o argumento de que o mesmo não só não denotava qualquer ambição política, como não revelava preparação e/ou sensibilidade política condizentes.

    M Vicente goza de elevada confiança pessoal de JES e de quase toda a família presidencial. Carlos Feijó, figura em nítida ascensão política e por essa razão igualmente arrolado à lista de "candidatos à sucessão" é, entre os dirigentes políticos, aquele a que M Vicente está ligado por mais antigas e sólidas relações de amizade.

    sexta-feira, 24 de setembro de 2010

    Frelimo pretende revisão constitucional, mas não para manter António Guebuza

    1. A intenção da Frelimo abrir um processo de revisão constitucional esta a tornar-se cada vez mais nítida; o propósito comumente associado ao mesmo, o de permitir a Armando Guebuza apresentar-se a um novo mandato presidencial vem, porém, perdendo consistência, sobretudo depois dos levantamentos populares.

    Entre os objectivos vislumbrados na intenção de alterar a constituição, o que agora aperenta ser preponderante é o de alargar os poderes do Primeiro Ministro e reduzi os do Presidente da República. A razão de ser da intenção decorre da eventualidade de o próximo Presidente da República vir a ser originário do Norte ou do Centro. Na direcção da Frelimo (aparelho idem), é largamente maioritária a componente oriunda do Sul.

    2. Os líderes da Frelimo, incluíndo o primeiro, Eduardo Mondlane, e depois deste todos os Presidentes da República, Samora Machel, Joaquim Chissano e António Guebuza, foram ou são originários do Sul. Há uma grande corrente interna que, embora discretamente, clama pela escolha de uma figura do Norte ou Centro como próximo Presidente da República

    Oficialmente António Guebuza é natural de Murrupula, Nampula, Norte, mas o facto não é considerado suficientemente representativo da sua condição de nortenho, já que os seus progenitores eram originários do Sul, que por razões relacionadas com as suas vidas se instalaram no local do seu nascimento.

    A vingar a pretensão da corrente nortenha, o proximo candidato à Presidente República não será sulista-o que exclui António Guebuza, considerado "falso nortenho". Mas para equilibrar a relação de forças na Frelimo e no Estado, a um Presidente da República do Centro/Norte, com poderes mais simbólicos, corresponderia um Primeiro Ministro sulista-este dotado de mais poderes reais.

    3. Entre os mentores de uma revisão constitucional capaz de permitir a apresentação de uma candidatura presidencial da Frelimo que não a de António Guebuza, também conta o factor Daviz Simango. O seu ponto de vista é o de que é preciso encontrar alguém mais jovem e com algum carisma para concorrer com o lider do MDM.

    Outro propósito de revisão igualmente aventado é o de seria por um ou dois anos os mandatos do Presidente República e da AR, bem como o de limitar a apresentação de candidaturas a quem tiver sido derrotado um determinado número de vezes, isto para afastar em definitivo os concursos de Afonso Dhlakama.

    quinta-feira, 23 de setembro de 2010

    Milionária: Isabel dos Santos leva cozinheira

    Laurentina Trindade não queria acreditar quando foi chamada pela filha do presidente angolano - Eduardo dos Santos - à sala do restaurante DeCastro Elias, em Lisboa. A cozinheira são-tomense ficou ainda mais surpreendida quando Isabel dos Santos lhe disse que a queria contratar para um "novo estabelecimento" que vai abrir "muito em breve" em Luanda.

    Dito e feito: apesar de os donos do DeCastro Elias recusarem qualquer comentário sobre a inesperada saída, o CM sabe que Laurentina Trindade vai ganhar perto do triplo do ordenado que recebia e ainda terá direito a três viagens para se deslocar a Lisboa.
    Tudo aconteceu na semana passada. O staff de Isabel dos Santos e a própria filha do presidente angolano são clientes habituais no DeCastro Elias, um restaurante que tem como ‘chef' Miguel Castro e Silva, considerado um dos melhores cozinheiros nacionais. Foi, aliás, Isabel dos Santos que pediu a um dos empregados para chamar a cozinheira com o pretexto de lhe dar os parabéns pela comida apresentada na ocasião.

    Laurentina Trindade, que foi até agora uma das cozinheiras principais do DeCastro Elias, ficou admirada com os elogios, mas a maior surpresa só chegou quando Isabel dos Santos lhe perguntou se estava disponível para trabalhar na capital angolana.
    O ‘chef' Miguel Castro e Silva irá também assegurar a coordenação do novo restaurante da filha do presidente José Eduardo dos Santos.

    Aos 36 anos, Isabel dos Santos é dona de uma fortuna colossal, repartindo com o empresário português Américo Amorim o controlo do Banco Internacional de Crédito. Com uma forte presença no banco Banif, é ainda accionista de referência em várias empresas portuguesas, desde logo na Galp, Portugal Telecom, Grupo Espírito Santo e Grupo Amorim. Ainda em Dezembro de 2009 adquiriu 10% da ZON Multimedia.

    O De Castro Elias foi considerado um dos 10 melhores restaurantes de Lisboa pela revista ‘Time Out' e um dos 20 melhores de Portugal pela revista ‘Sábado'. Toda a ementa é da responsabilidade de Miguel Castro e Silva, que se tornou conhecido no restaurante Bull & Bear, no Porto e abriu recentemente um novo espaço em Lisboa, o Largo. Isabel dos Santos quer repetir o sucesso em Luanda. 
    Paulo Pinto Mascarenhas
    Source: Revista Vidas

    segunda-feira, 20 de setembro de 2010

    Nações Unidas critica grandes potências por violações de Direitos Humanos

    A alta comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, Navi Pillay, criticou as grandes potências mundiais nesta segunda-feira, citando a Rússia pela morte de jornalistas, a China pela repressão aos direitos humanos e os Estados Unidos pelas medidas antiterrorismo.
    Discursando para o Conselho de Direitos Humanos da ONU, formado por 47 países, Pillay também criticou o Irã pelos ataques aos ativistas de direitos humanos e aos dissidentes, o Egito, a Líbia e a Síria por ameaçar os ativistas de direitos humanos e a França por deportar ciganos.
    Funcionários da ONU afirmaram que os comentários duros da alta comissária, feitos a um grupo do qual fazem parte muitos dos países citados por ela, são um sinal de sua determinação em apontar os supostos abusos onde quer que eles ocorram.
    "No Azerbaijão e na Federação Russa, pouco progresso se fez para levar à Justiça os perpetradores de assassinatos e ataques contra defensores de direitos humanos, ocorridos durante os últimos anos", afirmou ela.
    "Dissidentes pacíficos, ativistas de direitos humanos, advogados e representantes da imprensa têm sido alvejados e atacados com violência em países, incluindo Irã, Iraque e Somália", enquanto que no Sudão a repressão acompanhou a eleição presidencial de abril, acrescentou Pillay.
    Grupos da sociedade civil têm sido atingidos por medidas que restringem a sua ação em muitos países, incluindo Barein, Belarus, China, Egito, Líbia, Panamá, Síria e Tunísia, afirmou ela.
    E a competição pelos recursos naturais representa ameaças e agressões a jornalistas, sindicalistas e líderes comunitários em países africanos, como Angola, República Democrática do Congo e Zimbábue, de acordo com Pillay.
    Enquanto Rússia e China evitaram uma resposta direta, os enviados dos EUA e da França defenderam seus países. As nações árabes afirmaram que a defesa dos direitos humanos é uma prioridade-chave para elas e exigiram um foco maior sobre Israel pelo tratamento dispensado aos palestinos.