segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Nomeação de António Indjai destinada a evitar novas convulsões


Gen. Antonio Indjai

1 . A nomeação formal de António Indjai para o cargo de CEMGFA, foi influenciada por análises da situação político-militar de acordo com as quais uma preterição da medida ou o seu protelamento indefinido tenderiam a dar lugar a "reacções" dos militares (projecção demonstrativa do poder fáctico exercido pelos mesmos).

Nos dias que precederam de perto a nomeação (por inerência, A Indjai foi promovido a TenGen), mas sem que a mesma estivesse já assegurada, foram notadas nos grandes oficiais manifestações de agitação remetidas para sugestões/convicções que vinham alastrando entre os próprios tais como as seguintes:
  • O PR, Malam Bacai Sanhá, não tinha intenção e/ou vontade de proceder à nomeação; agia por efeito de pressões externas.
  • A visita a Bissau de uma missão de chefes militares da CEDEAO, anunciada para 28.Jun, tinha por objectivo "encorajar" a atitude do PR e "embaraçar" os militares na pretensão da nomeação de A Indjai CEMGFA.


As reacções contrárias à nomeação de A Indjai, oriundas da União Europeia, EUA e também CEDEAO, têm por base considerações tais como o de uma tal medida significa pactuar com os autores materiais de uma alteração drástica da ordem político-constitucional; por acréscimo, estimular práticas futuras da mesma natureza.

2 . A cedência do PR à pressão dos militares tendo em vista a nomeação de A Indjai (em dado momento esteve previsto que apenas se mantivesse em funções interinamente), é justificada por "razões de pragmatismo", a que o PM, Carlos Gomes Jr deu assentimento, tais como as seguintes:
  • Os militares representam um centro de poder de facto que nas presentes circunstâncias não pode ser ignorado; é mais conveniente comprometê-los com a normalização da situação do que levá-los a atitudes de desespero.
  • Um clima de tranquilidade entre os militares facilitará a reforma do sector da defesa e segurança, no âmbito da qual as FA, em geral, e uma nova estrutura de comando, em particular, serão implantadas.


Esta visão das coisas é objecto de dúvidas alimentadas pela ideia de que os actuais chefes militares, por influência de traços de personalidade, cultura e preparação, não revelam propensão para se sujeitarem ao poder civil; as suas ligações a actividades obscuras (narcotráfico) também os levam a vislumbrar com temor a perda do seu poder.

3 . Como forma de compensar efeitos nefastos da nomeação de A Indjai, em especial no plano das reacções externas, incluindo sanções, o PR terá vinculado o mesmo a compromissos tais como os seguintes:
  • Resolução "a contento" da situação do ex-CEMGFA, Alm Zamora Induta (a sua libertação e paragem de um inquérito considerado pouco credível).
  • Aplicação clara no processo de reforma do sector da defesa e segurança – para restabelecer confiança e interesse da União Europeia em apoiar financeiramente o mesmo.
Contra Almirante Bubo Na Tchuto

  • Participação activa no combate ao narcotráfico, incluindo o afastamento de militares implicados no mesmo, como o CEM da Forca Aérea, Cor Papa Camará.
4 . A cerimónia oficial da tomada de posse de A Indjai ficou assinalada por um imprevisto, traduzido numa entrada na sala do C/Alm Bubo Na Tchuto, em uniforme camuflado e ostentando todas as suas insígnias. O episódio é invocado para justificar o cepticismo em relação a uma regeneração dos militares por meios convencionais.

Bubo Na Tchuto reclama o seu regresso ao cargo de CEM da Marinha, por efeito da sua reintegração nas FA. O Departamento do Tesouro dos EUA identificou-o em Abril como uma dos militares de alta patente envolvidos no narcotráfico.

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