segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Reavivamento de rumores sobre futuro político de Manuel Vicente

Manuel Vicente
PCA da SONANGOL
1 . Manuel Vicente é objecto de nova vaga de rumores internos baseados em ilações/conjecturas que o voltam a apresentar como "candidato à sucessão" (SIC) de José Eduardo dos Santos (JES). Desta feita, os rumores circulam em escalões elevados do regime e são alimentados por factos considerados "sintomáticos" de ascensão política por parte de M Vicente.

Factos invocados:
  • Procedeu em Abr a vastas mudanças no CA e na estrutura directiva da Sonangol; algumas das mudanças, às quais as menos importantes se ajustaram, visaram libertar M Vicente de obrigações consideradas absorventes em termos de representação e tempo; a mudança mais elucidativa do desígnio das mesmas foi a de Batista Sumbe, designado presidente da Comissão Executiva da holding da Sonangol, cargo até então exercido por M Vicente; B Sumbe, até agora colocado nos EUA, é comumente considerado um dos mais capacitados quadros da companhia; goza da amizade e confiança de M Vicente.
  • Antes, no congresso do MPLA, M Vicente ascendeu ao BP, em cujo secretariado lhe foi atribuído o pelouro da reestruturação do sector empresarial do partido (função anteriormente confiada a João Lourenço e, depois, a Mário António); não tinha, até então, actividade partidária de realce.
Acentuou-se também a "impressão" de que M Vicente denota agora mais apetência pela política – particularidade vista como sinal de correlativa ambição política. É igualmente notado que se afastou da sua costumeira discrição social e se aplica agora mais no relacionamento com figuras do regime, incluindo algumas que sabe serem-lhe adversas.
A cíclica identificação de M Vicente como putativo "candidato à sucessão" de JES, é em larga escala propiciada por factores entre os quais avulta a estreita relação pessoal que o liga ao actual PR; segue-se o poder e influências que de facto acumulou como PCA da Sonangol.

A conclusão segundo a qual está em curso um processo de "abrandamento" da sua ligação institucional à Sonangol é lida noutros meios do regime como prenúncio de que o poderá vir a ser nomeado para um outro cargo, supostamente governamental, cenário já desenhado no passado recente.
 
2 . Os rumores de acordo com os quais M Vicente se perfila como "candidato à sucessão", são geralmente acompanhados por reacções/comentários de sentido ambivalente. P ex, o cenário é considerado na prática improvável, mas induzido por decorrência de cálculos políticos próprios do estilo de exercício do poder de JES.
A condição de "candidato à sucessão", conferida a M Vicente por factos susceptíveis de tal conclusão, entra em tais cálculos como um engodo destinado a confundir os que já se consideram investidos da mesma condição e a facilitar um processo de escolha eventualmente destinado a contemplar outra figura.
As personalidades geralmente apresentadas como estando na linha da substituição de JES são o actual Vice-Presidente, Fernando da Piedade Dias dos Santos, o presidente da Assembleia Nacional, Paulo Kassona, mas também um dos seus filhos, José Filomeno "Zenu".

3 . No passado, sempre que o nome de M Vicente foi sugerido como potencial "candidato à sucessão", fontes que lhe são próximas contestaram tal hipótese com o argumento de que o mesmo não só não denotava qualquer ambição política, como não revelava preparação e/ou sensibilidade política condizentes.

M Vicente goza de elevada confiança pessoal de JES e de quase toda a família presidencial. Carlos Feijó, figura em nítida ascensão política e por essa razão igualmente arrolado à lista de "candidatos à sucessão" é, entre os dirigentes políticos, aquele a que M Vicente está ligado por mais antigas e sólidas relações de amizade.

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